sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Materialização dos sonhos (Parte 2)

Época de graduação sempre é lembrada com carinho.
Eu mesmo posso falar que aproveitei bem essa fase pois não era um aluno tão empenhado com relação aos estudos e na verdade o surf nos finais de semana e a música dividiam o interesse pela engenharia. Desde criança, tive um gosto por livros de ficção e neste período eu estava lendo alguns livros que meu pai tinha na prateleira de seu escritório. Entre estes, precisamente em 1996 li um clássico chamado “Admirável Mundo Novo” escrito por Aldous Huxley.
Coincidentemente na seqüência, uma notícia estourava na imprensa mundial: um pesquisador escocês chamado Ian Wilmut, do Instituto Roslin, de Edimburgo, com a colaboração da empresa de biotecnologia PPL Therapeutics com sucesso clonaram um mamífero (ovelha Dolly) a partir de uma célula somática. O que me chamou a atenção na época era o fato de que o livro que acabara de ler tinha ano de publicação de 1932. Huxley provavelmente não tinha conhecimentos aprofundados em genética e certamente jamais vira um experimento de clonagem, todavia, seu livro traz essa idéia na prática.
Pior: a descrição conta que as pessoas são criadas em série em um sistema de condicionamento biológico e psicológico.
A assustadora fábula ainda refere-se claramente a uma sociedade totalmente desprovida de valores morais e religiosos na qual a idéia de família é motivo de piada. Exageros à parte a clonagem é hoje uma realidade, mas também nenhuma outra idéia de Huxley exposta no livro é tão absurda para os dias atuais. (Não acredito que por coincidência)-> A época marcada pela escrita da obra era uma fase onde imperava a idéia de um governo altamente autoritário com controle sobre a população e isso ditava rumos nas diversas manifestações artísticas. Sobre a clonagem? Não há como tirar o brilho informativo da idéia do autor mas remetendo ao texto anterior, só posso acreditar que houve influência da materialização do seu cotidiano, uma vez que este período fora claramente marcado por manifestações em massa do nazismo em Nüremberg. Relembrando: me parece razoável que as nossas criações mentais potencialmente são condicionadas ao nosso cotidiano. Refletindo sobre a capacidade de previsão de Huxley e percebendo certa adequação do livro aos dias atuais, me pergunto se houve mesmo pura espetacular premeditação ou se a nossa história como sociedade pouco mudou.
Uma estranha coincidência me fez lembrar de uma conversa que tive bem ao final do ano passado com um grande irmão. Essa fica pra outra hora!
Luiz Gustavo

3 comentários:

  1. Gu... este livro nos leva a uma reflexão profunda! Me lembro que quando li este livro, confesso fiquei assustada com o rumo que a nossa humanidade estava caminhando, perdendo certos valores tão importantes como o de família!
    Adorei o texto... beijos :)

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  2. Bahh Gustavo, parabéns pelo blog, gostei muito!!!
    Boas idéias, boa escrita, podecrê!
    Bjão!

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