Em 2008 tive a grata oportunidade de ir a um congresso em Praga. Não podia deixar passar e programei uns dias rodando sozinho de mochila por alguns países. A primeira viagem era de Praga a Berlin de trem. O frio começava a aparecer no cenário e pela primeira vez na vida pude ver pela janela as construções checas e alemãs além de árvores de natal sem enfeites. Estava ouvindo repetidamente alguma música (coisa de doido mesmo) do Alice in Chains. Eis que em uma das paradas, entravam na cabine em que eu estava um simpático casal de senhores. Percebi que eles ficaram me olhando sem parar e falavam em inglês. Tirei os fones e os saudei em inglês mesmo. O senhor se apresentou como Gerry Long e já disse: "graças a Deus alguém para falar em inglês" com um sorriso sincero. Na verdade, ele me contou que vinha de San Diego e é professor universitário de música. Sua esposa é alemã e estavam indo adiante de Berlin. Conversei por pelo menos três horas com eles. Ao final, a simpática sra. Long me mostrou um livro que estava acabando sobre o holocausto da segunda guerra mundial pois vivera essa época quando criança e escreveu tudo em um diário. Ela brincou comigo: "antes de nos cumprimentar comentei que você se parece demais com meu marido quando era jovem" (será?). Quando a aproximação da Estação Central de Berlim (em alemão Berlin Hauptbahnhof) foi anunciada, me preparei para descer e trocamos os e-mails. Ao me despedir todos nós ficamos emocionados de verdade. Não acho explicação para esta sensação que todos tivemos mas creio que a maioria das pessoas já passou por isso. Até hoje converso por e-mail com eles e noto pela foto que tirei na viagem (esta do post), que eram mais que um simples casal: nasceram um para o outro.Luiz Gustavo